Bento Gonçalves
Bento Gonçalves da Silva (Triunfo, 23
de Setembro de 1788 — Pedras Brancas, 18 de Julho de 1847) foi um militar e
revolucionário brasileiro, um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava
a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.
Filho do alféres português Joaquim
Gonçalves da Silva e de Perpetua da Costa Meirelles, filha de um rico
fazendeiro riograndense, nasceu na Fazenda da Piedade, pertencente a família de
sua mãe. Seus pais desejavam encaminhar o filho para a carreira eclesiástica.
Muito cedo, contudo, demonstrou que sua vocação era outra ao engajar-se nas
guerrilhas da primeira campanha cisplatina (1811-1812). Na segunda campanha
cisplatina (1816-1821), seu prestígio como militar se confirmou.
Em 1829, pelos serviços prestados na
campanha de 1825-1828 e que terminou com a independência do Uruguai, D. Pedro I
nomeou Bento Gonçalves coronel de estado-maior, confiando-lhe o comando do 4°
Regimento de Cavalaria de Linha e, em seguida, da fronteira meridional.
Em 1832 Bento foi indicado para um dos
postos de maior influência que havia na província, o de comandante da Guarda
Nacional do Rio Grande do Sul. Isto lhe dava uma posição estratégica, que soube
utilizar quando da Revolução Farroupilha: sob seu comando estavam todos os
corpos da Guarda Nacional, força especial que havia sido criada em 1832 e cujo
oficialato era sempre composto por membros das elites de cada região.
Exerceu o comando das tropas
revolucionárias da Revolução Farroupilha até dois de outubro de 1836, quando
foi preso no combate da ilha do Fanfa (em Triunfo), junto com outros líderes
farrapos. Foi então enviado para a prisão de Santa Cruz e mais tarde para a
fortaleza de Lage, no Rio de Janeiro, onde chegou a tentar uma fuga, da qual desistiu
porque seu companheiro de cela, o também farrapo Pedro Boticário, era muito
gordo, e não conseguiu passar pela janela. Transferiram-no então para o forte
do Mar, em Salvador. Mesmo preso, sua influência no movimento farroupilha
continuou, pois foi eleito presidente da República Rio-Grandense em 6 de
novembro de 1836.
Mas, além do apoio farroupilha, Bento
contava com o da Maçonaria, de que fazia parte. Essa organização iria lhe
facilitar a fuga da prisão, em setembro de 1837. Fingindo que ia tomar um banho
de mar, Bento começou a nadar em frente ao forte até que, aproveitando um
descuido de seus guardas, fugiu - a nado - em direção a um barco que estava à
sua espera.
Em novembro ele regressou ao Rio
Grande, tendo chegado a Piratini, a então capital farroupilha, em dezembro,
quando tomou posse do cargo para o qual havia sido eleito. Imediatamente,
passou a presidência ao seu vice, José Mariano de Mattos, para poder comandar o
exército farroupilha.
A partir de então, sua vida seriam os
combates e campanhas, embora se mantivesse como presidente. Em 1843,
entretanto, resolveu renunciar ao cargo, desgostoso com as divergências que
começavam a surgir entre os farrapos. Passou a presidência a José Gomes de
Vasconcelos Jardim, e o comando do exército a David Canabarro, assumindo apenas
um comando de tropas.
As divisões entre os revolucionários
terminaram por resultar em um desagradável episódio. Informado que Onofre
Pires, um outro líder farrapo, fazia-lhe acusações, dizendo inclusive que era
ladrão, Bento o desafiou para um duelo, no início de 1844. Onofre Pires foi
ferido, e morreu dias depois devido a uma gangrena.
Embora tenha iniciado as negociações de
paz com Caxias, em agosto de 1844, Bento não iria concluí-las. O clima de
divisão entre os farrapos continuava, e ele foi afastado das negociações pelo
grupo que se lhe opunha. Desligou-se, então, definitivamente da vida pública.
Passou os dois anos seguintes em sua estância, no Cristal e, já doente, foi em
1847 para a casa de José Gomes de Vasconcelos Jardim, onde morreu, de
pleurisia, em julho daquele ano.
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