Método Paulo Freire
O Método
Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de
adultos desenvolvida pelo educador Paulo Freire, O método nasceu em 1962
quando Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da
Universidade do Recife onde formou um grupo para testar o método na cidade de Angicos, RN onde alfabetizou 300 cortadores
de cana em apenas 45 dias, isso porque o processo se deu em apenas 40
(quarenta) horas de aula e sem cartilha[1]. Freire criticava o sistema
tradicional, o qual utilizava a cartilha como
ferramenta central da didática para o ensino
da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de
palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que comumente se
denomina como linguagem de cartilha, por exemplo Eva viu a uva, o boi
baba, a ave voa, dentre outros.
Etapas do método
- Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
- Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
- Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
O método
- As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, elas são apresentadas em cartazes com imagens. Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela turma.
- A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU)
- As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
- A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da realidade social.
As fases de aplicação do método
Freire
propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:[2]
- 1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
- 2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
- 3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
- 4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
- 5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.
História
Freire
aplicou publicamente seu método, pela primeira vez no Centro de Cultura Dona
Olegarinha, um Círculo de Cultura do Movimento de Cultura Popular (Recife). Foi aplicado inicialmente a cinco alunos, dos
quais três aprenderam a ler e escrever em 30 horas, outros dois desistiram
antes de concluir. Baseado na experiência de Angicos, onde em 45 dias
alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart, presidente na época, chamou
Paulo Freire para organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa campanha
tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000 círculos de
cultura, e já contava com a participação da comunidade - só no estado da
Guanabara (Rio de Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas. Mas com o Golpe de 64
toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi considerado
subversivo, foi preso e depois exilado. Assim, esse projeto foi abortado. Em
seu lugar surgiu o MOBRAL, uma iniciativa para a alfabetização
porém distinta do método freiriano.
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